"Deus, Cristo e Caridade" - Guarapari /ES
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Bezerra de Menezes


A vida de Bezerra de Menezes como político e como médico foi repleta de ações contra a escravatura e pelos mais humildes, bem como na defesa da ecologia. Por muitas vezes subiu na tribuna para discursar pedindo a abolição dos escravos, defendendo o direito dos empregados domésticos e defendendo a natureza, tendo sido o precursor destes temas.

Mas o Espiritismo sempre permeou sua vida. Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico, que pelas réplicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de Propaganda da União Espirita do Brasil incumbiu Bezerra de Menezes de escrever, aos domingos, no “O Paiz” , tradicional órgão da imprensa brasileira, dirigido por Quintino Bocaiúva, uma serie de artigos sob o título O Espiritismo - Estudos Filosóficos . Os artigos de Max , pseudônimo de Bezerra de Menezes, marcaram a época de ouro da propaganda espirita no Brasil. Esses artigos foram publicados, ininterruptamente, de 1886 a 1893.

Da bibliografia de Bezerra de Menezes, antes e após a sua conversão do Espiritismo, constam os seguintes trabalhos: “A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação”, “Breves considerações sobre as secas do Norte”, “A Casa Assombrada´, ´A Loucura sob Novo Prisma´, “A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica´, ´Casamento e Mortalha”, “Pérola Negra”, “Lázaro -- o Leproso”, “História de um Sonho”, “Evangelho do Futuro”. Escreveu ainda várias biografias de homens célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalas, etc. Foi um dos redatores de “A Reforma”, órgão liberal da Corte, e redator do jornal “Sentinela da Liberdade”.

No dia 16 de agosto de 1886, um auditório de cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade enchia a sala de honra da Guarda Velha, na rua da Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, para ouvir em silêncio, emocionado, atônito, a palavra sábia do eminente político, do eminente médico, do eminente cidadão, do eminente católico, Dr. Bezerra de Menezes, que proclamava a sua decidida conversão ao Espiritismo. Como médico, sempre abdicou de ganhos materiais quando percebia que os pacientes eram humildes. Ficou célebre a vez em que receitou um remédio para uma criança e a mãe disse que não tinha dinheiro para comprar. Ato contínuo, deu seu anel de formatura para que a mãe comprasse o bálsamo.

No início de 1900, Bezerra de Menezes foi acometido por uma congestão cerebral. Grande número de visitantes de todas as classes sociais acorria à sua casa diariamente. Em 11 de abril de 1900, às 11h30, desencarnou, no Rio de Janeiro. Seu inventário – localizado no ano passado, pela Assessoria de Comunicação da Federação Espírita Brasileira (FEB), no Arquivo Nacional – revelou a pobreza em que vivia: nada deixou de material para a família.

Como Espírito, prossegue na vivência plena da caridade e da humildade: levantando os abatidos, consolando os curvados sob as provas terrenas, orientando espíritos endurecidos, inspirando indulgência. Sua assistência bondosa pode ser sentida nas mensagens que ditou a Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier) e outros médiuns. Tradicionalmente, durante a reunião anual do Conselho Federativo da FEB, pelo médium Divaldo Pereira Franco, ele fala ao Movimento Espírita: continua a convidar os espíritas à união com seu exemplo de devotamento, benevolência e perdão.




"O médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto. O que não atende por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou tempo, ficar longe, ou no morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem como pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante de negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros os gastos da formatura. Esse é um desgraçado, que manda, para outro, o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivens da vida."
Bezerra de Menezes